Resumo de Triste Fim de Policarpo Quaresma:

O romance conta a história de Policarpo Quaresma, um patriota idealista e funcionário público que acredita profundamente na grandeza do Brasil. Obcecado por exaltar a cultura nacional, ele defende ideias excêntricas, como substituir a língua portuguesa pelo tupi-guarani. Suas propostas, no entanto, são ridicularizadas, o que o leva a ser internado como louco.

Após sair do hospício, Quaresma se muda para o interior, tentando viver da agricultura e mostrar que o Brasil pode ser autossuficiente. Mais uma vez, seu plano fracassa devido à corrupção, à burocracia e à falta de apoio do governo. Por fim, ele se envolve na Revolta da Armada, acreditando que poderia ajudar a salvar a pátria, mas acaba traído por aqueles em quem confiava. Considerado subversivo, é preso e condenado à morte.

O romance mostra o fracasso do idealismo frente à realidade política e social do Brasil, criticando o nacionalismo cego, o autoritarismo e a hipocrisia das instituições.

🧩 Estrutura do livro

O romance é dividido em três partes, e cada uma representa uma fase da desilusão de Policarpo Quaresma com o Brasil:

  1. Primeira parte – O patriota
    Quaresma é apresentado como um nacionalista extremo. Ele estuda folclore, geografia, botânica e cultura brasileira. Nessa fase, envia um ofício ao Congresso Nacional propondo que o idioma oficial do Brasil seja o tupi-guarani, por considerá-lo mais autêntico e representativo da cultura indígena e brasileira. Essa atitude causa escândalo e zombarias, levando-o à internação em um hospício.
  2. Segunda parte – O agricultor
    Depois de sair do hospital, Quaresma tenta colocar em prática suas ideias nacionalistas no campo. Compra um sítio e acredita que a agricultura brasileira poderia ser próspera com esforço e conhecimento. No entanto, enfrenta a dura realidade do descaso do Estado, da corrupção e da exploração dos trabalhadores. Essa experiência termina em novo fracasso e frustração.
  3. Terceira parte – O militar
    Na tentativa de ajudar o país, Quaresma apoia o governo de Floriano Peixoto durante a Revolta da Armada, acreditando que poderia contribuir para uma pátria mais justa. Mas percebe que o governo é tão autoritário e corrupto quanto o sistema anterior. Ao denunciar abusos e injustiças, é considerado subversivo e acaba sendo condenado à morte por fuzilamento. Seu fim trágico representa o fracasso do idealismo frente à realidade brasileira.

👥 Principais personagens

  • Policarpo Quaresma: Funcionário público, patriota ingênuo e idealista. Cultiva um amor exagerado pelo Brasil e busca valorizar a cultura nacional a qualquer custo. Representa o sonho utópico que entra em choque com a realidade.
  • Dona Adelaide: Irmã de Quaresma, representa os costumes tradicionais e o ponto de vista comum diante das excentricidades do irmão.
  • Ismênia: Vizinha e jovem apaixonada por Quaresma. Vive em um ambiente opressor e frágil, mas alimenta sentimentos não correspondidos. É uma personagem melancólica e trágica.
  • Ricardo Coração dos Outros: Violeiro popular, simboliza a cultura popular brasileira que Quaresma tanto admira. É seu amigo e admirador.
  • General Albernaz: Vizinho de Quaresma e exemplo do militar medíocre e superficial. Serve de crítica ao autoritarismo e ao falso moralismo.
  • Floriano Peixoto: Presidente da República na época da Revolta da Armada. No romance, é retratado como um governante arbitrário e frio, contribuindo para o fim trágico do protagonista.

✍️ Estilo de Lima Barreto em Triste Fim de Policarpo Quaresma

📚 Características principais:

  1. Linguagem simples e direta
    Ao contrário de muitos autores do seu tempo, Lima Barreto opta por uma linguagem acessível, próxima da oralidade e do cotidiano urbano. Isso reflete seu compromisso com a crítica social e a aproximação do povo com a literatura.
  2. Tom irônico e crítico
    O romance tem um tom marcadamente irônico, principalmente ao retratar o patriotismo exagerado do protagonista, a hipocrisia das instituições, o falso moralismo e os abusos de poder. A ironia não anula a empatia com Quaresma, mas reforça o absurdo das situações vividas por ele.
  3. Narrador em terceira pessoa, com juízo crítico
    O narrador é onisciente, mas frequentemente se aproxima da voz do autor, deixando claro o ponto de vista crítico sobre o governo, a imprensa, a elite e o projeto de república que se instaurava no Brasil do final do século XIX.
  4. Engajamento político e social
    Lima Barreto denuncia as desigualdades, a exclusão social, o preconceito racial, o atraso educacional e a corrupção. Sua obra é uma forma de intervenção na realidade, e não apenas entretenimento.

🎯 Temas centrais

  • Nacionalismo utópico vs. realidade social
  • Crítica à burocracia e ao autoritarismo
  • Fracasso das boas intenções diante de um sistema corrompido
  • Tragédia do homem íntegro em um país contraditório

🧑‍🏫 Como trabalhar Triste Fim de Policarpo Quaresma em sala de aula

1. Leitura guiada por eixos temáticos

Divida a obra em três partes, acompanhando as três fases do romance:

  • O nacionalismo e o ofício ao Congresso
  • A frustração com a agricultura
  • A traição do governo e o fim trágico

Em cada parte, proponha atividades que relacionem as experiências de Quaresma com o contexto histórico da República Velha.

2. Discussão de temas atuais

Relacionar o idealismo de Quaresma com dilemas contemporâneos:

  • O que é ser patriota hoje?
  • Ainda se vê a exclusão do conhecimento popular ou indígena?
  • Como a burocracia e o autoritarismo continuam presentes?

3. Trabalhos interdisciplinares

  • História: Estudar o governo de Floriano Peixoto e a Revolta da Armada.
  • Geografia: Analisar os desafios da agricultura no Brasil de ontem e de hoje.
  • Filosofia: Debater o idealismo e a utopia.
  • Sociologia: Discutir a exclusão das classes populares no acesso ao poder.

4. Atividades criativas

  • Escrever uma carta-resposta fictícia do Congresso ao ofício de Quaresma.
  • Criar um jornal satírico da época, como se estivesse noticiando as ideias excêntricas do protagonista.
  • Encenar o julgamento de Quaresma, com defesa e acusação.

5. Produção textual

Propor aos alunos:

  • Um comentário crítico sobre o livro
  • Um ensaio argumentativo sobre a atualidade do romance
  • Uma releitura moderna, imaginando Quaresma nos dias de hoje

Simulado com gabarito: