Saeb: Potencializando a Aprendizagem em Sua Escola Através dos Descritores


Olá, professor(a)!

O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) é uma ferramenta poderosa para entendermos o que nossos estudantes já aprenderam e o que ainda precisamos aprimorar. Mais do que um número, os resultados do Saeb, especialmente a partir da Matriz de Referência por Descritores, oferecem um mapa detalhado das habilidades dos alunos em Língua Portuguesa e Matemática.

Para você, educador(a), o primeiro passo é pesquisar e compreender o nível de proficiência que a sua escola alcançou. Acesse os resultados oficiais do Saeb (geralmente disponibilizados via Secretaria de Educação ou nos portais do Inep para a gestão escolar) e identifique a pontuação média da sua escola. Em seguida, consulte a Matriz de Referência de Língua Portuguesa para o 9º ano (ou a etapa avaliada em sua escola). Essa matriz descreve as habilidades esperadas para cada nível de proficiência. Ao cruzar o desempenho da sua escola com a descrição dos níveis, você terá um panorama claro do ponto de partida de seus estudantes.

Entenda: Onde sua escola está?

Exemplo Prático: Minha Escola está no Nível 4 de Proficiência.

Se sua escola, por exemplo, atingiu o Nível 4 de proficiência em Língua Portuguesa para o 9º ano, isso significa que seus estudantes provavelmente já dominam as habilidades esperadas dos níveis anteriores (0, 1, 2 e 3) e estão consolidando as habilidades do próprio Nível 4. Este é um patamar significativo! Agora, o desafio é identificar as lacunas pontuais e, principalmente, planejar uma recomposição de aprendizagem que impulsione os alunos para os níveis mais avançados.


Entendendo o Nível 4 de Proficiência em Língua Portuguesa

No Nível 4 (com desempenho entre 275 e 300 pontos), espera-se que os estudantes já sejam capazes de:

  • Localizar informações explícitas em diversos gêneros textuais, como artigos de opinião e crônicas.
  • Identificar a finalidade e elementos da narrativa em contos e fábulas.
  • Reconhecer opiniões distintas apresentadas sobre o mesmo assunto em diferentes textos.
  • Reconhecer relações de causa e consequência e a função de pronomes no texto.
  • Inferir o tema, a tese e a ideia principal em uma variedade de gêneros (contos, reportagens, artigos, etc.).
  • Inferir o efeito de sentido de elementos verbais e não verbais, pontuação e até mesmo da polissemia (múltiplos sentidos de uma palavra).

Chaves para a Recomposição de Aprendizagem: Descritores Essenciais para o Avanço

Para que sua escola não apenas mantenha o Nível 4, mas avance para os próximos estágios de proficiência, o foco da recomposição deve estar em descritores que representam habilidades de maior complexidade e que são a base para o desenvolvimento de leitores mais críticos e proficientes.

Com base na Matriz de Referência de Língua Portuguesa do Saeb para o 9º ano, destacamos os seguintes descritores como prioritários para a recomposição de aprendizagem:

I. Procedimentos de Leitura

  • D4 – Inferir uma informação implícita em um texto.
    • Foco na recomposição: Aprofundar a capacidade dos alunos de “ler nas entrelinhas”, buscando informações que não estão expressas diretamente, mas que podem ser deduzidas a partir de pistas no texto.
  • D14 – Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.
    • Foco na recomposição: Desenvolver a habilidade de diferenciar o que é uma constatação objetiva (fato) do que é uma interpretação, julgamento ou ponto de vista do autor (opinião). Crucial para a leitura crítica.

II. Implicações do Suporte, do Gênero e/ou do Enunciador na Compreensão do Texto

  • D12 – Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.
    • Foco na recomposição: Ampliar a capacidade de reconhecer o propósito comunicativo de diversos gêneros textuais (informar, persuadir, divertir, instruir, etc.), entendendo como a finalidade molda a estrutura e a linguagem do texto.

III. Relação entre Textos

  • D20 – Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema.
    • Foco na recomposição: Capacitar os alunos a comparar textos sobre o mesmo tema, analisando como a informação é abordada de maneiras distintas, considerando o contexto de produção (quem escreveu, para quem, com que intenção).
  • D21 – Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema.
    • Foco na recomposição: Fortalecer a análise de textos que apresentam múltiplas perspectivas sobre um mesmo assunto, permitindo que o aluno identifique e diferencie os diversos pontos de vista.

IV. Coerência e Coesão no Processamento do Texto

  • D7 – Identificar a tese de um texto.
    • Foco na recomposição: Concentrar-se na identificação da ideia principal que o autor defende em textos argumentativos (a tese), que é o ponto de partida para a compreensão da argumentação.
  • D8 – Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la.
    • Foco na recomposição: Desenvolver a compreensão de como os argumentos são usados para comprovar ou sustentar a tese principal do texto, desvendando a lógica da argumentação.
  • D9 – Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.
    • Foco na recomposição: Aprimorar a habilidade de hierarquizar as informações, distinguindo o que é essencial para a compreensão do texto (partes principais) do que é complementar (partes secundárias).

V. Relações entre Recursos Expressivos e Efeitos de Sentido

  • D18 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão.
    • Foco na recomposição: Levar os alunos a perceberem que a escolha de cada palavra ou expressão por parte do autor não é aleatória, mas intencional, visando gerar um efeito específico no leitor.

Organizando a Recomposição de Aprendizagem: Do Blog ao Processo Formativo

A identificação dos descritores é o primeiro passo. O próximo é transformá-los em ações pedagógicas concretas.

1. No Blog da Escola (e em outras Comunicações Internas)

  • Comunique de forma inspiradora: Use o blog para celebrar o Nível 4 como um reconhecimento do esforço coletivo e apresente os descritores selecionados como os próximos desafios e oportunidades de crescimento.
  • Traduza os descritores: Para a comunidade escolar, use uma linguagem acessível. Explique, por exemplo, que “D4 – Inferir uma informação implícita” é a habilidade de “ler nas entrelinhas” ou “entender o que o texto quis dizer sem que esteja escrito abertamente”.
  • Compartilhe exemplos práticos: Publique pequenas “dicas de leitura” ou “desafios da semana” para professores, pais e alunos, mostrando como esses descritores aparecem no dia a dia. Por exemplo, analise uma pequena tirinha para trabalhar D18 (efeito de sentido de uma palavra).
  • Sugira recursos: Indique links para materiais, textos e atividades que explorem esses descritores, incentivando a leitura e a prática em casa e na escola.

2. No Processo Formativo da Escola

  • Análise de Dados Compartilhada: Promova momentos para que toda a equipe pedagógica (professores, coordenadores, gestores) analise os resultados detalhados do Saeb da escola. Conversem sobre:
    • Onde nossos alunos performaram melhor dentro do Nível 4?
    • Quais desses descritores selecionados ainda representam um desafio significativo?
    • Há alguma turma ou grupo de alunos com necessidade de foco mais intenso em algum descritor específico?
  • Planejamento Colaborativo: Organize oficinas e reuniões de planejamento onde os professores, por área ou ano, desenvolvam atividades, sequências didáticas e projetos interdisciplinares que foquem nesses descritores.
    • Exemplo: Se o foco é D14 (Fato x Opinião), a equipe pode planejar uma série de aulas que analisem notícias, editoriais e textos de opinião, culminando em um debate em sala de aula.
  • Criação de Banco de Atividades: Incentive a criação de um repositório interno de atividades eficazes para cada descritor, compartilhando as melhores práticas e recursos entre os professores.
  • Formação Continuada: Invista em formações que aprofundem o conhecimento dos professores sobre as estratégias pedagógicas mais eficazes para desenvolver as habilidades associadas a esses descritores, explorando metodologias ativas e o uso de tecnologias.
  • Acompanhamento e Feedback: A coordenação pedagógica deve acompanhar a implementação das estratégias em sala de aula, oferecendo suporte, realizando observações e fornecendo feedback construtivo para aprimorar as práticas.
  • Alinhamento Curricular: Verifique se os descritores-alvo estão claramente representados no currículo da escola e se há uma progressão planejada para o desenvolvimento dessas habilidades ao longo dos anos e das etapas de ensino.

Ao adotar essa abordagem focada e colaborativa, sua escola não apenas reagirá aos resultados do Saeb, mas os utilizará de forma proativa para impulsionar a recomposição da aprendizagem e o avanço contínuo de seus estudantes rumo a níveis cada vez mais altos de proficiência.

Pronto para começar essa jornada?

https://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/aprofundamentos/194-metodos-de-diagnostico-inicial-e-processos-de-avaliacao-diversificados?highlight=WyJhdmFsaWFcdTAwZTdcdTAwZTNvIl0=