Chapeuzinho Verde e o Lobo Desperdício
Educar Sempre

Era uma vez, numa clareira aconchegante, cercada por uma floresta exuberante e cheia de vida, uma menina alegre conhecida por todos como Chapeuzinho Verde. Não por acaso: seu capuz favorito era feito de fibras de bambu tingidas com urucum e jenipapo, um presente de sua avó, uma sábia senhora que conhecia todos os segredos das plantas e dos ciclos da natureza.
Certo dia, a mãe de Chapeuzinho Verde a chamou: “Minha filha, sua avó não anda se sentindo muito bem. Leve esta cesta para ela. Dentro tem um pão integral que assei com sementes de girassol, um pote de geleia de araçá colhido do nosso quintal, um pouco de chá de capim-limão e um livro sobre como construir um minhocário.”
“Pode deixar, mamãe! Vou pelo caminho da Trilha das Borboletas, é o mais florido!”, respondeu Chapeuzinho Verde, já ajeitando seu capuz.
“Tenha cuidado, minha querida”, alertou a mãe. “Não desvie do caminho e não dê ouvidos a estranhos. E o mais importante: não deixe lixo pela trilha!”
Chapeuzinho Verde prometeu e partiu saltitante. A floresta era um espetáculo: árvores centenárias, orquídeas coloridas penduradas nos galhos, o som dos pássaros e o zumbido dos insetos polinizadores. Ela cumprimentava cada joaninha, cada beija-flor, e admirava a forma como tudo ali vivia em harmonia.

No meio do caminho, enquanto observava um grupo de micos-leões-dourados, surgiu um lobo. Mas não um lobo comum. Este era o Lobo Desperdício, um animal de pelo opaco, que carregava consigo um cheiro de fumaça e deixava um rastro de embalagens plásticas e restos de comida industrializada por onde passava.
“Olá, linda menina do capuz verde!”, disse o Lobo, com um sorriso interesseiro. “Para onde vai com tanta pressa e com essa cesta tão… orgânica?”
“Vou levar estes alimentos saudáveis e um livro sobre compostagem para minha vovó, que mora do outro lado da floresta”, respondeu Chapeuzinho Verde, lembrando-se do aviso da mãe, mas sendo educada.

“Compostagem? Que perda de tempo!”, zombou o Lobo. “Muito mais fácil jogar tudo fora! E por que ir por essa trilha cheia de mato? Conheço um atalho, mais rápido, pela clareira das coisas descartadas. Lá tem umas árvores com ‘frutas’ brilhantes e coloridas que nunca apodrecem!”, ele disse, referindo-se a garrafas PET e sacolas plásticas presas nos galhos.
Chapeuzinho Verde sentiu um arrepio. “Não, obrigada, Senhor Lobo. Minha mãe disse para eu seguir a Trilha das Borboletas, e ela é muito mais bonita e cheia de vida. As coisas que o senhor descreve não parecem saudáveis para a floresta.”
O Lobo, contrariado por não conseguir enganá-la, rosnou baixinho e pensou rápido. “Bom, se você insiste… aproveite suas borboletas!” E, sem que Chapeuzinho Verde percebesse, ele pegou um caminho muito mais curto, correndo e derrubando ninhos de passarinho pelo trajeto, direto para a casa da vovó.

Ele chegou à cabana da vovó, que era toda construída com bambu e adobe, com um telhado verde coberto de plantas. Bateu à porta. “Quem é?”, perguntou a vovó, com sua voz doce, mas um pouco fraca. “Sou eu, sua netinha, Chapeuzinho Verde!”, imitou o Lobo, tentando afinar a voz. “Vim trazer uma cesta cheia de produtos industrializados, embalagens que duram para sempre e um monte de ideias para desmatar essa floresta e construir um shopping!”
A vovó, que era muito esperta e conhecia a voz de cada criatura da floresta, percebeu a artimanha. “Entre, minha ‘netinha’. A porta está apenas encostada.”
Quando o Lobo entrou, faminto por destruir o ambiente sustentável da vovó, ele não a encontrou na cama. Em vez disso, deparou-se com a vovó em pé, firme, segurando um regador. Ao lado dela, estavam o Jabuti Juba, forte e paciente, e a Arara Ararinha, com seu grito estridente. Eram os guardiões ecológicos da região!
O Lobo Desperdício, surpreso, tentou fugir, mas a vovó ordenou: “Ararinha, o alarme! Jabuti Juba, bloqueie a saída!”
A arara soltou um grito que ecoou pela floresta, e o jabuti, com seu casco resistente, postou-se na porta.
Nesse momento, Chapeuzinho Verde chegou. Ao ver a cena, entendeu tudo. “Vovó! Esse é o Lobo Desperdício! Ele queria me ensinar a poluir!”
“Eu sei, minha querida”, disse a vovó. “Este lobo não entende que a floresta é nossa casa e que precisamos cuidar dela.”
O Lobo, encurralado, começou a choramingar. “Eu só queria… praticidade! As coisas naturais dão muito trabalho!”
Chapeuzinho Verde, com a sabedoria aprendida com sua mãe e avó, disse: “Senhor Lobo, o que dá trabalho é consertar o estrago que a sujeira e o desperdício causam. Plantar uma árvore, fazer compostagem, reciclar… isso é investir num futuro saudável para todos nós, inclusive para o senhor.”
A vovó complementou: “Vamos lhe dar uma chance, Lobo. Em vez de destruir, você vai aprender a construir. Vai nos ajudar a limpar a sujeira que espalhou e a plantar novas mudas nativas.”
O Lobo Desperdício, vendo que não tinha escolha e talvez, só talvez, sentindo uma pontinha de curiosidade sobre aquele modo de vida, concordou.
Nos dias seguintes, sob a orientação de Chapeuzinho Verde e sua avó, e com a ajuda do Jabuti Juba e da Arara Ararinha, o Lobo aprendeu a separar o lixo para reciclagem, a fazer compostagem com restos de frutas e folhas, e até ajudou a plantar um pequeno bosque de ipês. Descobriu que o cheiro de terra molhada era muito melhor que o de fumaça, e que o sabor de uma fruta colhida na hora era incomparável.
Ele não se transformou completamente da noite para o dia, mas o brilho opaco de seu pelo começou a dar lugar a um cinza mais saudável, e ele parou de deixar um rastro de lixo por onde passava.
Chapeuzinho Verde continuou suas visitas à vovó, sempre pela Trilha das Borboletas, levando não só alimentos saudáveis, mas também novas ideias para um mundo mais verde. E, de vez em quando, encontrava o Lobo, agora um pouco menos “Desperdício” e um pouco mais “Aprendiz de Guardião”, cuidando das mudinhas que ele mesmo ajudara a plantar.
E assim, todos na floresta aprenderam que o verdadeiro tesouro não estava nas coisas descartáveis e brilhantes, mas na saúde e na harmonia da natureza, que, com cuidado e respeito, sempre nos oferece o melhor.
ATIVIDADE DE COMPREENSÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO: “CHAPEUZINHO VERDE E O LOBO DESPERDÍCIO”
INSTRUCÕES: RESPONDA AS QUESTÕES ABAIXO COM BASE NA HISTÓRIA “CHAPEUZINHO VERDE E O LOBO DESPERDÍCIO”. ESCREVA SUAS RESPOSTAS COM LETRAS MAIÚSCULAS.
1. QUAL ERA A COR DO CAPUZ DA MENINA E DO QUE ELE ERA FEITO?
2. O QUE CHAPEUZINHO VERDE LEVAVA NA CESTA PARA A VOVÓ? CITE PELO MENOS TRÊS ITENS.
3. QUAL O NOME DO CAMINHO QUE A MÃE DE CHAPEUZINHO VERDE ACONSELHOU QUE ELA SEGUISSE?
4. COMO O LOBO DESPERDÍCIO TENTOU ENGANAR CHAPEUZINHO VERDE?
5. QUEM AJUDOU A VOVÓ A ENFRENTAR O LOBO DESPERDÍCIO NA CABANA? CITE OS DOIS ANIMAIS.
6. QUAL FOI O “ENSINAMENTO” QUE O LOBO DESPERDÍCIO QUERIA DAR A CHAPEUZINHO VERDE?
7. O QUE CHAPEUZINHO VERDE DISSE AO LOBO SOBRE O TRABALHO DE CUIDAR DA NATUREZA?
8. QUAIS TRÊS ATIVIDADES SUSTENTÁVEIS O LOBO APRENDEU A FAZER COM A AJUDA DE CHAPEUZINHO VERDE E DA VOVÓ?
9. NO FINAL DA HISTÓRIA, COMO O LOBO DESPERDÍCIO COMEÇOU A SER CHAMADO?
10. QUAL A PRINCIPAL LIÇÃO QUE A HISTÓRIA “CHAPEUZINHO VERDE E O LOBO DESPERDÍCIO” NOS ENSINA SOBRE A NATUREZA E O DESPERDÍCIO?