A Importância do Trabalho com o Valor Sonoro e a Escrita Espontânea na Educação Infantil e nos Anos Iniciais da Alfabetização
Na alfabetização e na Educação Infantil, promover o uso da linguagem escrita como prática social e significativa é essencial. Um dos caminhos mais potentes para isso é o trabalho com o valor sonoro das letras aliado à escrita espontânea — práticas que reconhecem a criança como produtora de linguagem, mesmo antes de dominar a escrita convencional.
A escrita espontânea permite que a criança formule hipóteses sobre a escrita, experimente grafias e estabeleça relações sonoras. De acordo com Gagliari (2011), a alfabetização deve ser vista como um processo linguístico e social, no qual a criança se apropria da língua escrita em contato com práticas reais de leitura e escrita. Assim, é fundamental que ela escreva desde o início, ainda que não saiba escrever “certo” segundo a norma. Escrever é uma forma de pensar, investigar e construir sentido.
Ao longo desse processo, o professor atua como escriba, escrevendo para a criança quando necessário, mas sem substituir sua produção. Ele deve aproveitar todas as oportunidades para incentivar o registro, como escrever o nome no desenho, registrar uma resposta numa atividade de Matemática ou nomear personagens de uma história. Esses momentos permitem que a criança nomeie, formule hipóteses, explore sons e letras, e avance em sua compreensão da linguagem escrita.
Práticas Pedagógicas Eficazes
Com base em estudos de Magda Soares (2003) e Gagliari (2011), destacam-se algumas estratégias que potencializam o trabalho com o valor sonoro e a escrita espontânea:
- Trabalho com nomes próprios: usar os nomes das crianças como ponto de partida para investigar letras, sons iniciais, rimas, número de letras e sílabas. O nome é um texto significativo, com forte vínculo afetivo.
- Reconstrução de palavras: atividades que envolvem montagem e desmontagem de palavras, ordenação de letras ou sílabas, substituição de fonemas, promovendo a percepção do valor sonoro.
- Ditados variados:
- Ditado com imagem (a criança vê a figura e escreve o nome).
- Ditado com sílabas móveis.
- Ditado estourado (dita-se uma sílaba de cada vez).
- Ditado interativo, em que o professor escreve parte e a criança complementa.
- Alfabeto e vogais visíveis na sala: recursos como painéis com letras, alfabetos móveis e jogos fonêmicos incentivam a exploração do som das letras em diferentes contextos.
Essas práticas estão em consonância com a concepção sociolinguística da alfabetização defendida por Gagliari (2011), que considera que aprender a ler e escrever é aprender a usar a língua em suas diversas funções sociais, e não apenas decodificar letras.
Recursos Digitais e Formação Continuada
O canal Educar Sempre, disponível no YouTube, apresenta vídeos com sugestões práticas de alfabetização, como atividades com valor sonoro, jogos com nomes e produção de textos a partir da escrita espontânea. O blog Educar Sempre também disponibiliza planos de aula gratuitos que integram linguagem oral, leitura, escrita e ludicidade.
Esses recursos oferecem suporte didático e formativo para professores que desejam articular a alfabetização à experiência concreta dos alunos, respeitando o ritmo de aprendizagem e explorando ao máximo as oportunidades de escrita no cotidiano escolar.
Referências:
- GAGLIARI, Leila. Alfabetização e Linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.
- SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento. São Paulo: Contexto, 2003.
- GERALDI, João Wanderley. O texto na sala de aula: leitura e produção. São Paulo: Ática, 2004.
- Canal Educar Sempre: https://www.youtube.com/@educarsempre
- Blog Educar Sempre (planos de aula): https://educarsempre.blogspot.com