Análise: “O Guesa Errante” de Joaquim de Sousa Andrade

“O Guesa Errante” é a obra mais significativa de Joaquim de Sousa Andrade, também conhecido como Sousândrade. Este poema épico e fragmentado, escrito em diversas partes ao longo de anos, é considerado uma obra de vanguarda no contexto literário brasileiro, antecipando tendências modernistas. Sousândrade foge das convenções do Romantismo e do Parnasianismo de sua época, apresentando uma poética mais ousada e inovadora.

O poema narra a jornada de Guesa, uma figura mitológica dos povos indígenas andinos, que deve atravessar uma série de provações e desafios até encontrar a morte em um sacrifício religioso. Essa travessia do Guesa é simbólica e alegórica, representando tanto a exploração colonial das Américas quanto os conflitos internos e existenciais do indivíduo.

Sousândrade combina elementos épicos, líricos e satíricos, misturando referências a culturas indígenas com críticas sociais e políticas. Ele também insere visões apocalípticas da modernidade, principalmente em suas descrições de Nova York (na parte conhecida como “O Inferno de Wall Street”). O poema é rico em imagens caóticas e visões distópicas, criticando a exploração capitalista e os excessos do progresso.

Além disso, “O Guesa Errante” se destaca pela experimentação formal e linguística. Sousândrade utiliza uma linguagem fragmentada, quebrando a linearidade e criando passagens que parecem quase surrealistas. Esse uso inovador da forma e do conteúdo fez com que a obra fosse subestimada em sua época, mas reconhecida posteriormente como uma precursora do Modernismo.