Outros Processos de formação de Palavras
Conversão, Abreviação, Reduplicação e Sigla
1 – Conversão:
“Conversão” é um processo morfológico na língua portuguesa em que uma palavra altera sua classe gramatical sem modificar sua forma. Isso significa que uma palavra pode transitar de uma classe gramatical para outra sem a necessidade de acréscimo de prefixos, sufixos ou outras alterações em sua estrutura.
Na conversão, uma palavra pode mudar de substantivo para verbo, de verbo para substantivo, de adjetivo para substantivo, entre outras possibilidades. Esse fenômeno é comum em línguas flexíveis como o português e ocorre frequentemente para atender novas necessidades comunicativas ou expressivas na linguagem do dia a dia.
Aqui estão alguns exemplos de conversão na língua portuguesa:
Substantivo para verbo:
“Banco” (substantivo) → “Bancar” (verbo): Exemplo: “Vou bancar a viagem.”
“Guitarra” (substantivo) → “Guitarrear” (verbo): Exemplo: “Ele adora guitarrear nas horas vagas.”
Verbo para substantivo:
“Correr” (verbo) → “Corrida” (substantivo): Exemplo: “Participarei da corrida amanhã.”
“Cantar” (verbo) → “Canto” (substantivo): Exemplo: “Seu canto encanta a todos.”
Adjetivo para substantivo:
“Belo” (adjetivo) → “Beleza” (substantivo): Exemplo: “A beleza do pôr do sol é indescritível.”
“Fácil” (adjetivo) → “Facilidade” (substantivo): Exemplo: “Ele tem facilidade para aprender línguas.”
A conversão é um recurso linguístico poderoso que possibilita uma maior flexibilidade e economia de palavras na língua portuguesa, contribuindo para a riqueza e diversidade do idioma.
2 – Abreviação:
“Abreviação” é um processo linguístico que consiste na redução de uma palavra ou expressão para uma forma mais concisa, mantendo parte de seu significado original. Na língua portuguesa, as abreviações são frequentemente empregadas para poupar tempo e espaço na escrita, especialmente em contextos informais, como mensagens de texto, notas rápidas ou comunicações eletrônicas.
Existem diferentes tipos de abreviações, tais como:
Contração: Nesse tipo de abreviação, parte da palavra é eliminada e substituída por um símbolo de contração, como uma letra ou grupo de letras. Exemplos:
“Ex.” para “Exemplo”
“Sr.” para “Senhor”
“Vc” para “Você”
Elisão: Consiste na omissão de uma ou mais letras no meio da palavra. Exemplos:“Vd.” para “Verdade”
“Obs.” para “Observação”
“Prof.” para “Professor”
Siglas: São formadas pelas iniciais de palavras de uma sequência, sendo pronunciadas como uma única palavra. Exemplos:
“ONU” para “Organização das Nações Unidas”
“CPF” para “Cadastro de Pessoas Físicas”
“OMS” para “Organização Mundial da Saúde”
Acrônimos: Semelhantes às siglas, porém formados pelas letras iniciais de palavras que podem ser pronunciadas como uma palavra completa. Exemplos:
“SUS” para “Sistema Único de Saúde”
“INSS” para “Instituto Nacional do Seguro Social”
“FIFA” para “Fédération Internationale de Football Association”
As abreviações são uma ferramenta comum e útil na língua escrita, mas é importante utilizá-las com moderação e de acordo com o contexto, já que em contextos formais, o uso excessivo de abreviações pode ser considerado inadequado.
3 – Reduplicação:
A “reduplicação” é um fenômeno linguístico encontrado no idioma português e em diversas outras línguas, caracterizado pela repetição total ou parcial de uma parte da palavra para enfatizar ou intensificar seu significado. Na língua portuguesa, a reduplicação pode ocorrer tanto com palavras inteiras quanto com sílabas ou segmentos de palavras.
Existem dois principais tipos de reduplicação:
Reduplicação integral: Nesse tipo, a palavra é repetida por completo. Geralmente, essa repetição é empregada para enfatizar ou intensificar o significado da palavra original. Exemplos:
“Cada coisa que ele faz é uma coisa coisa!”
“Ela estava tão cansada que dormiu no sofá, sofá.”
Reduplicação parcial: Aqui, apenas uma parte da palavra é repetida. Essa repetição parcial pode ocorrer no início (prefixal), no meio (interfixal) ou no final (sufixal) da palavra. Exemplos:
Prefixal: “Meu irmãozinho é tão fofinho!”
Interfixal: “Corre-corre na rua durante o dia todo.”
Sufixal: “Fui lá só para dar uma olhadinha rápida.”
A reduplicação é frequentemente utilizada na língua portuguesa para transmitir uma ideia de intensidade, quantidade, continuidade, entre outros significados. Ela pode ser encontrada em diversos contextos, como na linguagem do dia a dia, poesia, música e expressões idiomáticas.
Além disso, a reduplicação também pode ser empregada para criar formas diminutivas, como em “bala” > “balinha”, ou expressões que indicam repetição de ações, como em “vai e volta” ou “pula e dança”.
Em suma, a reduplicação é um recurso linguístico versátil e expressivo que contribui para a diversidade e a riqueza da língua portuguesa.
4 – Sigla
“sigla” é uma forma abreviada comum na língua portuguesa e em outras línguas. Consiste na representação de uma organização, instituição, conceito ou expressão complexa por meio das letras iniciais de suas palavras componentes. As siglas são frequentemente pronunciadas como palavras únicas, em vez de serem soletradas letra por letra.
As siglas são amplamente empregadas em diversos domínios, incluindo governamentais, corporativos, científicos e militares, entre outros. Elas oferecem uma maneira rápida e eficiente de referenciar entidades ou ideias complexas, economizando tempo e espaço tanto na escrita quanto na fala.
Há diferentes categorias de siglas, tais como:
Siglas vocalizadas: Formadas pelas iniciais de palavras que podem ser vocalizadas como uma única palavra. Exemplos:
“ONU” para “Organização das Nações Unidas”
“CPF” para “Cadastro de Pessoas Físicas”
“IBGE” para “Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística”
Siglas não vocalizadas: Formadas pelas iniciais de palavras que não podem ser pronunciadas como uma única palavra. Nessas situações, as letras são soletradas individualmente. Exemplos:
“MP” para “Ministério Público”
“INSS” para “Instituto Nacional do Seguro Social”
“NASA” para “National Aeronautics and Space Administration”
As siglas são um elemento fundamental da comunicação escrita e oral em diversos contextos. Contudo, é importante garantir que o público-alvo esteja familiarizado com o significado das siglas utilizadas e que elas sejam explicadas quando necessário, especialmente em situações de comunicação mais ampla.
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