Gênero conto.

Antes de explorar o gênero é importante trabalhar a estrutura e os elementos da narrativa:

A construção do enredo:

Introdução (ou apresentação) – Constitui o início da história a ser narrada.
Neste momento, o narrador apresenta os fatos iniciais, os personagens e, na maioria das vezes, o tempo e o espaço.
Complicação (ou desenvolvimento) – Representa a parte em que se desenvolve o conflito. O conflito é o momento em que algo começa a acontecer, e nós, como leitores, ficamos surpresos à espera do que está por vir.
Clímax – É o momento mais tenso da narrativa, pois tudo pode acontecer, podendo ser aquilo que esperávamos ou não.
Desfecho (ou conclusão) – Revela o final da história, a solução para o conflito, sendo que este fim poderá ser de vários modos: triste, alegre, surpreendente, engraçado, e até mesmo trágico!

PEDRO MALASARTES EM…


A SOPA DE PEDRAS

Pedro Malasartes, um caipira danado de esperto, estava morto de fome e sem dinheiro algum. Precisava arranjar alguma ocupação que lhe desse o dinheiro suficiente para conseguir comprar comida.
Cansado de perambular em Porrete Armado, o nome do lugarejo em que se encontrava, decidiu parar e descansar na porta de um pequeno armazém de secos e molhados; desses encontrados no interior e onde é possível comprar de tudo que se pode imaginar.
Pegou sua viola e começou a cantar uma moda, na esperança de que alguém lhe desse alguns trocados. Mas além de nada conseguir, os fregueses que bebiam no balcão quase o expulsaram por “incomodar” sua conversa. Eles conversavam sobre uma senhora, Dona Agromelsilda, moradora da região e que era conhecida por sua excessiva avareza.
A conversa caminhava assim:
– Gente, vocês não imaginam como é “unha de fome” aquela Dona Agromelsilda, que mora para os lados do estradão da Grota Funda!
Disse o dono do armazém:
– Unha de fome é pouco! Aquela velha é capaz de não comer banana só pra não ter que jogar a casca fora. Completou o segundo, um dos fregueses que bebiam na venda.
Um terceiro freguês afirmou:
– Aquela velha é tão “pão dura” que nem comida para os coitados dos cachorros ela dá. Os bichinhos estão todos passando fome. Magros, magros de dar dó. Acho até que o estômago deles já encostou nas costelas.
– Está para nascer o homem que conseguirá tirar alguma coisa daquela velha.
Duvido que alguém consiga esta proeza.
– Nunca vi coisa assim nesses anos que moro aqui em Porrete Armado. E olha que eu já vi coisas com esses olhos que a terra há de comer. Terminou o dono do armazém.
Pedro decidiu que era hora de agir, se quisesse comer e ganhar algum dinheiro.
Era hora também, de dar uma lição naquela velha que o tratara mal da outra vez em que passara por Porrete Armado. Dona Agromelsilda era conhecida pelos seus péssimos modos com as pessoas e acima de tudo por ser muquirana até o último fio de cabelo. Pedro disse:
– Eu aposto o que vocês quiserem como pra mim a velha vai dar alguma coisa de bom grado. E mais ainda: Ela mesma é quem vem aqui contar que me encheu de presentes.

– Você esta ficando doido Pedro Malasartes? Aquela velha, além de não dar nada para ninguém, também anda armada com uma baita de uma espingarda. Disse o dono do armazém.
– Não se preocupe com isso que é problema meu e eu sei como resolver; disse o Pedro. – Mas, se vocês duvidam do que eu disse, porque não apostam comigo, como ela vai me encher de presentes e vem aqui contar para vocês?
O dono do armazém, rindo muito, respondeu:
– Se você conseguir esta proeza, com a velha lhe dando presentes e vindo aqui contar para nós, te dou todo o dinheiro que eu ganhar numa semana de trabalho. Os outros dois fregueses, animados com a aposta “jogaram lenha na fogueira” e provocando Pedro Malasartes disseram:
– Nós dois também apostamos nossos ganhos da semana. Temos certeza de que a velha nem vai querer conversa com você. Muito menos te dar algo. Mas se conseguir ganhar e fazer com que ela venha nos contar, você ganha o dinheiro que nós conseguirmos nesta semana.
Uma dúvida, porém, surgiu e o dono do armazém, o mais malandro dos três queria saber:
– Seu Pedro Malasartes, você ganhará nosso dinheiro de uma semana de serviço se conseguir que a velha lhe dê presentes e venha nos contar aqui no armazém, mas se você não conseguir o que nós três ganharemos? Pelo que sabemos você não tem nenhum dinheiro. Vai apostar o que?
Pedro, muito convicto e com certeza da vitória, respondeu:
– Eu trabalharei de graça para vocês três. Uma semana na fazenda de um, outra semana na fazenda de outro e por fim uma semana em seu armazém. Combinado?
– Combinado. Responderam os três.
Pedro tratou de arranjar um panelão fundo, uma sacola, mais algumas coisinhas e partiu para a casa da velha a toda velocidade. Para ganhar uma aposta o malandro não poupava esforços e nem tinha preguiça.
Chegando perto da porteira da casa da velha, que morava numa enorme fazenda, Pedro fez um bom fogo, encheu o panelão com a água do riacho, e juntando muitas pedras do chão, jogou-as na água. Depois ficou de olho no movimento da casa de Dona Agromelsilda.
Quando a velha abriu a janela do quarto e viu Pedro fazendo aquele fogareiro, na frente de sua fazenda, pensou:
– Mas o que será que aquele doido está fazendo na entrada das minhas terras? Vou lá ver.
Chegando ao local em que Pedro estava, perguntou muito irritada:
– Será que dá para o senhor explicar o que está pensando em fazer com todo este fogo na frente da porteira de minha fazenda?
Pedro que estava de rabo de olho na velha, nem ligou para a malcriação e respondeu todo educado:
– Boa tarde, minha Vó! Tudo bom com a senhora? Estou preparando uma deliciosa sopa de pedras.
– Sopa de pedras? – Respondeu a velha.

  1. Qual o principal assunto tratado no texto?
  2. Quais adjetivos caracterizam Pedro Malasartes?
  3. “Pedro pegou o prato da velha e encheu de pedras. ” – Como a expressão sublinhadas podem ser definidas? Fato? Ou opinião? Justifique a sua resposta.
  4. A que gênero textual pertence o texto lido?
    (a) Biografia.
    (b) Crônica.
    (c) Conto.
    (d) Lenda.
  5. Quando voltou entregou ao Pedro que, novamente, separou dois montes, colocando metade na sopa e outra metade em sua sacola.” – As expressões sublinhadas indicam, respectivamente:
    (a) tempo – dúvida – lugar.
    (b) tempo – modo – lugar.
    (c) tempo – lugar – lugar.
    (d) lugar – tempo – lugar. j
  6. Qual motivo levou Pedro apegar sua viola e começar a cantar uma moda?
  7. “Pois se a sopa ficasse boa mesmo e com a quantidade de pedras que tinha em suas terras, certamente não teria mais despesas com comida, pois comeria diversos pratos de pedra, que ela criaria…” – A quem se refere o vocábulo destacado?
    (a) À sopa.
    (b) À velha.
    (c) Às pedras.

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